O sucesso académico é crucial para as crianças e para os adolescentes se tornarem adultos ativos na nossa sociedade, a nível económico e social, e participarem em atividades cívicas (Li, Lerner & Lerner, 2010). Efetivamente, a escola, enquanto espaço de aprendizagem, assume um papel preponderante no desenvolvimento cognitivo e social dos alunos.
Todavia, “dificuldades de adaptação à escola têm vindo a ser referenciadas como uma problemática da sociedade contemporânea, levando, muitas vezes, a comportamentos desviantes, como, por exemplo, o consumo de substâncias, a violência e o abandono escolar” (Ruffolo, 2006 cit. Nobre & Janeiro, 2010).
O insucesso académico tem consequências negativas a curto prazo para o indivíduo, sua família e sociedade em geral. As desigualdades no sucesso académico, entre os grupos étnicos, das maiorias e minorias, produzem disparidades na saúde e na prosperidade ao longo da vida. O insucesso académico é claramente uma grande preocupação na saúde pública (Kimberly et al., 2011).
O envolvimento dos alunos, na escola, é caracterizado como um constructo multidimensional que integra os pensamentos, os sentimentos e os comportamentos dos estudantes (Fredericks, Blumenfeld & Paris, 2004; Furlong et al., 2003, referidos por Furlong & Christenson, 2008), ou seja, engloba três dimensões: a cognitiva, a afetiva e a comportamental.
A dimensão cognitiva refere-se à perceção que os alunos têm acerca da importância da escola, das suas aspirações pessoais e da capacidade de definir objetivos. “Refere-se ao pensamento estratégico sobre a resolução do problema, preferência pelo desafio e investimento psicológico na aprendizagem; é a capacidade do estudante autorregular o seu investimento na aprendizagem” (Seeley, Tombari, Bennett & Dunkle, 2009).
A dimensão afetiva tem em conta os sentimentos que os estudantes têm em relação à aprendizagem (Skinner & Belmont, 1993, referidos por Veiga et al., 2009; Chapman, 2003). Está relacionada com o sentimento de pertença e depende do relacionamento que o aluno estabelece com os colegas, os professores e a comunidade em geral.
Por fim, a dimensão comportamental contempla o esforço e a participação ativa nas aulas, nas atividades escolares e extracurriculares. “O envolvimento comportamental refere-se à persistência e ao esforço na aprendizagem” (Birch & Ladd, 1997, citado por Veiga et al., 2009), bem como ao “envolvimento em tarefas extracurriculares na escola” (Finn, 1989, citado por Veiga et al., 2009).
Neste sentido, o agrupamento tem tido como prioridade atualizar-se e inovar nas suas práticas organizacionais e profissionais de forma a dar a melhor resposta ao grupo de alunos que recebe todos os anos lectivos. Desta forma, se pretendermos ter mais respostas ou outro tipo de respostas, devemos abrir o nosso leque de atuação a outro tipo de soluções, entre elas, as Terapias Naturais, que olham para o ser humano/aluno como um ser holístico, com corpo, mente, emoções e energia. Se pretendermos prevenir e tratar o aluno com um todo, obrigatoriamente, não podemos ir pelos mesmos caminhos ou recursos, encontramo-nos assim, sempre num processo evolutivo a todos os níveis e por isso, devemos estar recetivos a evoluirmos como seres humanos, nos diversos papéis, entre eles: como pais, como professores, como crianças, jovens, etc. Alongo destes últimos anos, tem-se verificado o aumento de pessoas que procuram as Terapias Naturais, quer pelos benefícios sentidos, quer pelo desenvolvimento pessoal que estas permitem.
Desta forma, a convite da direção do Agrupamento De Escolas João de Meira, criou-se uma parceria entre o mesmo, e o CENIF e o Núcleo de Guimarães da APR, assinado no dia 3 de novembro de 2015, com o objetivo de trabalhar em parceria com a Equipa Multidisciplinar da escola, visando a motivação dos alunos para a aprendizagem e, consequentemente a melhoria comportamental dos mesmos. Pretende-se ainda, auxiliar os alunos na escolha e definição de um rumo pessoal e consequentemente profissional nas suas vidas. O CENIF aposta num conjunto de Terapias Complementares para a promoção do bem-estar da pessoa em todas as suas dimensões: física, mental, emocional e energética. Tem como missão a investigação e formação na área das terapias complementares, que visa a integração da Medicina Convencional, com as Medicinas Tradicionais, cujos resultados do trabalho realizado tem sido sempre validado através da prática, publicado quer nas páginas oficiais, quer nos órgãos de comunicação social.
Assim, esta parceria centra-se acima de tudo, proporcionar bem-estar aos alunos, promovendo a autoconsciência, aumentar a autoestima, melhorar a concentração, contribuindo desta forma para o equilíbrio pessoal dos alunos, e consequentemente, melhorarem o seu desempenho académico.
Centra-se sobretudo em sessões de Terapia Reiki, a todos os alunos sinalizados, cada aluno terá 4 sessões seguidas e de acordo com as necessidades individuais ou evolução, dar-se-á continuidade, ou não, às sessões de tratamento, para que se consiga abranger todos os alunos. Cada tratamento terá a duração média de 45 minutos, formação aos alunos da turma vocacional de 9º ano e workshops de esclarecimento sobre a Terapia de Reiki com algumas práticas meditativas, a professores e funcionários da escola. As formações são dadas na sala de teatro e as sessões individuais no Gabinete de Educação para a Saúde. Os voluntário para as sessões de Reiki foram 7 os envolvidos, mais 2 voluntários com a turma vocacional.
A eficácia da Terapia Reiki, foi comprovada pelos testemunhos de alunos, professores e funcionários. Cada aluno teve acesso a um registo pessoal onde colocou o que quer desenvolver e os resultados de cada sessão, a turma de formação foi aplicado o Inventário clinico de autoconhecimento, o Questionário de competências emocionais; Questionário biográfico; e Questionário “5 princípios”, aos professores e funcionário um registo de avaliação do workshop em que participaram.
O Inventário clinico de autoconhecimento, é uma escala subjetiva de autoavaliação, composta por 20 itens com cinco possibilidades de resposta que variam de «Não Concordo» a «Concordo Muitíssimo», elaborada com o objectivo de medir os factores emocionais e sociais do Autoconceito. As questões estão classificadas numa escala de tipo Likert de 1 a 5 valores, onde umas são pontuadas numa ordem direta e outras em ordem inversa. Às questões negativas são atribuídas pontuações revertidas, cujo valor global pode oscilar de um mínimo de 20 a um máximo de 100. Este inventário está construído para que, quanto maior o valor global, mais elevado é o autoconceito de um indivíduo.
O Questionário de competências emocionais, foi construído por Taksic (2000) na realidade da Croácia, baseando-se na visão teórica de Mayer e Salovey (1997). As três subescalas deste questionário são as seguintes: percepção emocional, expressão emocional e capacidade para lidar com a emoção. Ao todo são 45 itens que comprovaram boas qualidades psicométricas. Segundo Mayer e Salovey (1997), “a Inteligência Emocional é a capacidade para perceber emoções, para reconhecer e gerar emoções de modo a apoiar o pensamento, para compreender emoções e o pensamento baseado nelas, e para regular as emoções de modo reflexivo para promover o desenvolvimento emocional e intelectual”. A Inteligência Emocional torna-se assim num dos conceitos mais atuais da Psicologia, ancorando a emoção e a inteligência.
Posto isto, vamos aos resultados.
AVALIAÇÃO DOS ALUNOS ÁS SESSÕES DE REIKI:
Como se encontravam os alunos
ANTES e DEPOIS das sessões de Reiki
Os aspetos que melhoraram após as sessões de Reiki:
- Abertura para com os colegas e professores
- Calma para falar com outras pessoas
- Concentração
- Atenção
- Autoestima
- Calma
- Comportamento
- Confiança
- Melhoras académicas
- Bem-estar
- Bondade consigo próprio
- Pontualidade
Todos os alunos demonstraram o interesse em continuar com as sessões de Reiki.
AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES AO WORKSHOP REALIZADO:
Os professores que participaram no workshop de esclarecimento sobre a terapia Reiki com práticas meditativas também demonstraram que:
- gostaram como os temas foram abordados
- a forma como a formadora desenvolveu o tema: simples, enriquecedor e clareza
- capacidade comunicativa e simpatia
- da calma que a atividade demonstrou
- vivencia do momento
Sugerem ter mais atividades como esta.
De forma a conhecer a importância de se levar o Reiki as escolas, também foi passado um questionário com essa finalidade, quer a nível dos alunos e professores. Na maioria todos manifestaram respostas positivas, no que diz respeito da importância da terapia Reiki nas escolas. Também manifestaram que a mesma é igualmente importante para os alunos e professores.
Para os alunos é importante para:
- melhorar resultados académicos
- qualidade do comportamento
- promover hábitos saudáveis
- ensinar aos alunos “olhar para dentro”
- trabalhar as emoções e potencialidades de cada um
- bem-estar
- aumento da autoestima
- equilíbrio mental
- promover a auto-reflexão
- relacionamento interpessoal
- aumento de confiança
- autoconhecimento
Para os professores é importante para:
- ajuda aos professores sair da zona de conforto
- sensibilizar os professores a outro tipo de realidades existentes nos alunos
- saber dar outro tipos de respostas as necessidades dos alunos
- serenidade e força interior
- maior consciência individual e coletiva
- bem-estar psicológico e mental
- desvalorizar o que não é importante
- redução do stress e tenção
Posto isto, na maioria dos professores consideram importante a implementação da terapia Reiki nas escolas, com a certeza que os resultados serão positivos e gratificantes a toda a comunidade educativa. Acrescentam ainda que talvez estejamos no momento de mudança de paradigma, de consciência para áreas importantes, e muitas vezes esquecidas.
AVALIAÇÃO DA TURMA VOCACIONAL A FORMAÇÃO DE REIKI
No Inventário clinico de autoconhecimento existe a presença de seis factores, dos quais quatro claramente definidos, que Vaz Serra (1986) estruturou da seguinte forma:
Factor 1 – Denominado Aceitação/Rejeição Social, poderá indicar tanto aceitação e agrado, como rejeição e desagrado social.
Factor 2 – Constituído por 6 questões, que realçam os aspectos de enfrentar e resolver problemas e dificuldades. Pelo conjunto das diversas questões, foi considerado um factor de autoeficácia.
Factor 3 – Pelas características dos seus itens, este é considerado um factor de maturidade psicológica.
Factor 4 – Embora seja de difícil caracterização, este factor é qualificado de impulsividade/atividade.
Factores 5; 6 – Por comportarem características já representados noutros factores, estes são considerados factores mistos.
No presente gráfico as barras azuis são os dados recolhidos antes do inicio da formação de Reiki, as barras a vermelho são os resultados após a formação de Reiki. Esta formação vaziava-se não só na prática da Terapia Reiki entre alunos, como a meditação, e reflexão da filosofia de vida que esta inerente a esta terapia japonesa.
Assim, perante o gráfico apresentados, podemos constatar que existiu uma melhoria a nível da capacidade dos sujeitos para regular e gerir emoções, à luz dos pressupostos de Mayer e Salovey (1997) que preconizam a capacidade para identificar os estados emocionais, compreender esses estados, exprimir emoções e lidar com as emoções como base da inteligência emocional.
Tal como no gráfico anterior, as barras a vermelho representam o antes, ou seja, os dados recolhidos antes da formação de Reiki, e as barras a azuis os dados recolhidos depois da formação de Reiki. Também podemos verificar que existiu uma melhoria nos resultados apresentados, onde se constata que nas três subescalas do questionário: percepção emocional, expressão emocional e capacidade para lidar com a emoção aumentaram. Não obstante, o indivíduo maximiza as suas potencialidades ao debruçar-se assertivamente sobre as emoções. Uma boa competência emocional permite um bom desempenho em vários âmbitos: académico, familiar, desportivo, entre outros.
Alguns estudos atestam a extrema importância no desenvolvimento pessoal nos diferentes contextos da sociedade de programas de educação/gestão emocional. Por, em última análise, promoverem o bem-estar e o sucesso nas relações intra e interpessoais (Mayer, Salovey & Caruso, 1999).