O nosso código genético nasce connosco, é único, individual, onde a informação universal está contida. Partilhado ou não com a nossa família para cada um de nós é único e com ele vem o nosso temperamento. Se somos altos, baixos, loiros ou morenos entre tantas outras características, no código genético vem também o que somos enquanto Eu. Somos um temperamento com manifestações próprias. Jamais há certos ou errados, tudo é o que é e o temperamento é assim – humildade da aceitação da informação universal que já trazemos connosco. Informação intemporal, desde os primórdios reside em nós. Pelo que dizer que não faço porque não sei fazer é muito subjetivo. A informação está lá contida apenas precisa de ser trazida ao de cima. Quando a genética deste temperamento único, nasce, enquadra-se num espaço físico com determinadas condições, e num espaço emocional de múltiplas personalidades nascidas de temperamentos daqueles que nos geraram e irão cuidar de nós. Começa a epigenética, começa a nossa modelagem. Nascemos diamantes em bruto, mas já nascemos diamantes. O quanto valemos, não tem preço. Somos artigo único a ser estimado cuidado e amado. A epigenética que vai atuando vai trazendo ao de cima mais umas características do que outras do nosso temperamento. Se nos debruçarmos um pouco mais sobre este assunto pensaremos, se assim é todos nascemos com o mesmo potencial de diamante em bruto, a forma como vamos ser lapidados é que muda. É aqui que a diferença surge no ser humano, porque a essência divina do que somos ao nascer é a mesma. Simultaneamente toda esta genética que vem desde os primórdios do universo connosco, transporta uma história de múltiplas vivências da humanidade. Também isso conjuntamente com o temperamento, o ambiente onde nascemos nos moldará, nos dará os recursos necessários para o que podemos ou queremos resolver nesta nossa vida.
Esta genética valiosa que nasce connosco deve ser respeitada por quem cuidará de nós e por nós próprios. O que fazemos nós às nossas crianças com as vivências pelas quais as arrastamos? Fazemos o que de melhor podemos e sabemos. Se a criança é envolta num ambiente onde tudo lhe aparece feito à frente provavelmente do seu temperamento serão manifestadas características como “eu quero, posso e mando”. Não deixa de ser verdade já que somos os únicos responsáveis pela nossa existência melhor ou pior. Mas o que é facto é que a resiliência por exemplo será muito pouco trabalhada, a resistência à frustração também. Os níveis de stress perante situações simples poderão facilmente disparar para valores que podem despoletar doença. É isto que queremos para nós e para as nossas crianças? Jamais. No entanto se a nossa vida se torna mais ou menos fácil, isso já depende de um intrincado de fenómenos onde o processo de escolha está implícito.
Sim podemos ensinar às nossas crianças que apesar da sua genética, de toda a epigenética, temos sempre a possibilidade de escolher o caminho a seguir. Esta energia de coragem sobre o Eu, que se transmite à criança, permite empoderar e fá-la tornar-se responsável pelos seus atos, sem julgamentos. Aprende a viver com a crítica, vendo-a sempre de forma positiva, pois mesmo nas críticas mais duras e que nos parecem mais destrutivas está um amor por detrás: “faço isto porque te amo, para que possas melhorar, porque sei que consegues”.
Se os nossos pais têm olhos azuis e nós também os temos é uma característica bastante admirada pela maioria. Se os nossos pais se amam e nós nos amamos ,também o deveria ser. A genética jamais é só aquilo que se vê. A epigenética muitas vezes nem damos por ela. É saudável que estejamos mais atentos ao que fazemos à nossas crianças.
Vera Silva