Para todos os que são pais, para todos os que sonham e ambicionam vir a ser pais, a parentalidade é um mundo tão desejado, tão gratificante e ao mesmo tempo tão desafiante! Parece ser o maior e melhor desafio das suas vidas.
Um pai e uma mãe nasce muito antes do nascimento do/a seu/sua filho/a! Simultaneamente ao desejo de se tornarem pais, inicia-se o processo psicológico de se tornarem pais, contudo, nenhuma criança é igual a outra, nenhum pai ou nenhuma mãe é igual a outros pais e nenhum recém-nascido, criança ou adolescente vem com livro de instruções!
Cada um é um Ser Individual, Único e Especial com as suas necessidades idiossincráticas que torna a parentalidade um desafio para todos os que embarcam nesta viagem.
Os que iniciam esta viagem, partem habitualmente optimistas, esperançosos, mas naturalmente com dúvidas, anseios, receios e angústias que muitas vezes levam os pais a se questionarem sobre o seu desempenho e a sua eficiência, porque nesta sua viagem existe o autocompromisso de ser bons pais, boas mães tendo como objectivo principal educar crianças felizes, saudáveis física e emocionalmente, prósperas, autónomas, responsáveis num ambiente seguro, securizante, caloroso e com um mínimo de conflitos, com o objectivo máximo de ser tornarem adultos íntegros, saudáveis e felizes!
Nesta viagem maravilhosa, é fundamental lembrar sempre que anterior ao nascimento deste pai e desta mãe existem dois seres humanos únicos e maravilhosos que até então eram apenas filhos e que por isso carregam em si mesmos uma herança genética, transgeracional única tornando-se importante uma compreensão e aceitação de si próprios, numa redescoberta das suas caixinhas de memórias, emoções e sentimentos das vivências da infância e da adolescência que muitas vezes ficam fechadas em cada um de nós. Ao elaborar, estão a sentir, a ressignificar as vivências e memórias com vista a uma melhor auto aceitação e à posterior capacidade de olhar para os filhos como seres únicos.
E aqui começa esta viagem mágica onde a surpresa diária impera! Aos poucos estes pais de uma criança ainda só fantasiada vão deixando de ser apenas filhos para se tornarem pais!
Contudo, a este ideal positivo frequentemente romantizado, contrapõe-se uma realidade por vezes bem diferente em que o desempenho da parentalidade nem sempre corresponde ao sonhado e ambicionado. É natural! E torna-se imperativo a aceitação da realidade diferente do sonhado para que esta viagem seja feita de momentos merecedores de ser recordados por pais e filhos com sentimentos de carinho e amor, onde os momentos felizes superam largamente os momentos de dúvida e/ou angústia.
A partir do seu nascimento, os filhos começam a solicitar dos pais o melhor desempenho de tarefas diversas para as quais nem sempre estão preparados, tendo por isso muitas vezes de confiar na sua intuição, aprendendo a serem pais por tentativa e erro através do auto conhecimento do seu novo papel e do conhecimento do seu bebé. Os desafios não param e à medida de crescem novos desafios vão surgindo e com eles um conjunto de acções e decisões por vezes bem difíceis de tomar e assumir.
Tornar-se crucial para o equilíbrio psicoemocional de pais e filhos, a aceitação da transição de um mundo de fantasia perfeito para o mundo real em que as dificuldades, as dúvidas e o cansaço existem e onde as regras e limites se impõem. Este poderá ser um processo complexo e penoso quer para as crianças, quer para os pais no exercício da parentalidade.
É certo que não existe uma forma correta de exercer a parentalidade, que não há manuais, opiniões e receitas mágicas ou certas. Cada família é única e é nesta aprendizagem e nesta individualidade que nos tornamos tão ricos.
Uma coisa é certa: Pais felizes = Crianças felizes! Este será o maior e melhor princípio para que a viagem iniciada seja recordada com Amor.
Ao sermos pais felizes, conscientes e positivos, sensíveis às necessidades físicas e emocionais dos filhos e assumindo uma atitude afectuosa incondicional estamos a trilhar os alicerces para aquilo que mais ambicionamos – filhos felizes e saudáveis física e emocionalmente!
Telma Serrão . Psicóloga Clínica e Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde