O retrato de uma sociedade
Somos formigas que deambulam por um caminho. Aparentemente vamos em fila, a cantar e a dançar. Entramos na escola. Vamos aprender a ler e a escrever. Vamos aprender a construir o pensamento. Não sabemos porque nunca lá estivemos. Mas estamos felizes, porque é o que todos nos dizem. As formigas mães, vivem apressadamente, já não dançam nem cantam. Mas em tempos foram á escola. Vivem sem expressão. O sorriso já se fechou nos seus lábios. Não sorriem, mas vivem para nos proporcionar conforto, abrigo e alimentos. Os mais pequenos, continuam a cantar e a dançar, num ritmo cada vez mais monótono. Todos dançam ao mesmo ritmo. O maestro está ali. Pronto a afinar a sua orquestra. O objetivo é que todos cantem e dancem. Vão-nos impingindo as melhores notas, algum elemento de distinção. Enquanto buscam a perfeição e a idealização de sucesso, os mais velhos envelhecem de preocupação e responsabilidades. As doenças degenerativas aparecem, muitos esquecem do que sou e do que fizeram. Enquanto os mais novos insistem na perfeição e no sucesso.
Esta historia poderia continuar de diversas formas, porque é uma historia que nos revemos, é a historia que nos ensinaram a escrever. Cada um na sua realidade, na sua busca e no seu foco.
Até quando vamos deambular? Quando seremos capazes de parar? Dar as mãos e sentir. Quem somos nós? De que nos revestimos? A vida seria menos penosa, se refletíssemos mais na nossa existência. Parece que perdemos a simplicidade. Porque temos 2 ouvidos e 1 boca? Muitos dirão, fisionomia humana. Outros dirão porque nascemos assim. Mas acredito que chegará o dia em que todos deveríamos refletir que necessitamos de ouvir mais, ao invés de tecer comentários sem sentido. Ouvir os receios, as angustias, os medos, as vivencias, poderá despoletar um caminho mais harmonioso. Quantos de nós parou para ouvir alguém hoje? O amor também cabe nos ouvidos.
Patricia Magalhães